Thursday, December 29, 2011

Dois meus dois

Saudades de mim, de mais ninguém me faz tão triste. Mesmo daqueles que sempre e tanto amei. Morar longe dói, me faz parecer distante, coisa que nunca fui, nunca serei. Que saudades dos que me fizeram sentir um simples e feliz mim.

Monday, December 26, 2011

Good news

Apelidos deveriam existir apenas para salientarem as qualidades das pessoas, e não o contrário. A exceção que lembro, foi de um cara que conheci. Ele tinha uma cabeça grande e redonda, o sobrenome era Oliveira, então passou a ser chamado de azeitona. O azeitona era um cara inteligente, admitiu que o apelido era óbviamente criativo, nunca reclamou. Porque sou pequeno e careca, um gringo gordo começou a querer me chamar de franguinho da Sadia. O Polentão, ainda é conhecido por, e está levando uma vida bem bacana em Porto Alegre. Meus novos amigos, tentam seguidamente me chamar de Mister Favela. Para começar não é engraçado e não faz nenhum sentido, portanto não cola. Vou parar de escrever verdades sobre os ingleses, minha mãe pediu por estar preocupada, e também por eles estarem muito indignados com os brasileiros hoje. As favelas, bundas grandes e traficantes, passaram deles num ranking de economia elaborado por economistas nativos. O Brasil não apenas ultrapassou a Inglaterra, ultrapassou o Reino Unido, que é formado por quatro países. Faz anos que escrevo sobre as contradições que convivo, hoje, me senti aliviado, menos solitário e menos louco.

Saturday, December 24, 2011

Sabedores

Não gosto do dia 24 de Dezembro. Seria um dia como qualquer outro se não tivessem inventado, para alguns ganharem uns dinheiros extras, os presentes dos imaginados Reis magos. Moro numa cidade velha, cheia de pessoas antigas. Bom senso ainda seria uma novidade para esse pedaço de mundinho. Precisava comprar apenas um presente, e fui a luta. Pensei no que comprar, onde, achei o endereço na Internet e fui tranquilo. Me ralei. A rua existe, morei perto. Os números dos prédios não fazem o menor sentido. Porque? As milhas poderiam ser a explicação mais óbvia, mas não são. A melhor que achei foi que depois do incêndio de 1666, as casas numeradas seriam as que teriam seguro contra futuros incêndios. As outras não mereceriam nem números. Por isso agora em 2011, me senti de novo um oligofrênico. Procurava pelo numero 50. Estava na frente do 35, atravessei a rua e me deparei com o 467. Nem os números pares ou ímpares fazem sentido. Eles acham que são muito inteligentes, porque? qual foi a causa, ou de quais?

Wednesday, December 21, 2011

Chegando

Depois de muitos abraços húmidos, sai de Porto Alegre rumo ao mundo de tantas antigas histórias. No avião, cometi minha primeira e penúltima gafe. Perguntei para a mulher que falava inglês com os comissários e estava sentada do meu lado. Disse, caprichando no sotaque: Are you england? ( Você é a Inglaterra?) a pessoa levantou um polegar e riu muito. Me dei conta que eu estava frito, me senti um analfabeto imediatamente, e nem tinha chegado no lugar ainda. Decidi na hora virar mudo, até qualquer dia do futuro. Cheguei, não entendia ninguém, e nada do que estava escrito nas coisas. Eu, que era sabedor do verbo to be, vocabulário mais ou menos, disse pra mim mesmo: cara, tu te ralou feio agora. Ajudado por um mapa, consegui pegar os metrôs, ônibus e a caminhada que teria que fazer até chegar no meu primeiro destino em Londres, sempre ajudado por uma mala enorme, muito pesada e uma menor para me deixar mais aliviado. No outro dia, meu irmão me disse que tinha comprado passsagens para eu ir à Paris, passar uns dias com ele. Eu deveria definitivamente ir, já que estava tão perto. Fui, adivinhei o caminho para outro aeroporto, me senti perdido um monte de vezes, mas cheguei. Me senti muito mais analfabeto ainda em Paris, coisa que não me ajudou muito para a vida. No caminho da casa dele, que era no centro, avistei uma torre. Disse: aquela torre é a que estou pensando? Ele: deve ser, amanhã vamos lá. Fomos na parte mais alta. Depois brincamos de nos perdermos em Montmartre, ruas pequeninhas e uma cerveja num bar quase caindo de tão antigo. Dois dias ou mais depois, peço para lavar umas roupas, coloquei as coisas na máquina do guri e depois pensei, onde secar? Coloquei umas cordas nas janelas frontais do apartamento do cara no centro de Paris e estendi as minhas roupas. Quando ele chegou em casa, me olhou com mesclas de pena e ódio. Só agora entendo os sentimentos confusos. Amei aqueles dias.

Tuesday, December 20, 2011

TPM

Eu na maior amargura, minha mãe preocupada com minha aparência e eu com o que iria enfrentar. Ela lavou e passou, meio na obriga, roupas que acabei nunca mais usando. Enfiou num malão, camisas de linho, gravatas e uns blazers que eu ainda tinha. Meu pai, tinha me dado de presente de grego uma mala enorme com rodas novas, para que eu transportasse todas as expectativas deles. Carregar aquela mala, foi a maior demostração de carinho que pude dar para eles, a coisa era muito grande e pesada. O que de maior valor estava nela eram as fotografias dos meus filhotes, das outras pessoas tão importantes quanto, dois livros que eu roubei e o meu preferido. O preferido, é uma longa história da raça humana, quem leu sabe do que estou falando. Os que roubei foram um mini dicionário de portugues do professor Luft, e um pequeninho de inglês-português. Eu estava indo para um mato, precisava ter como me defender, uso os dois livros roubados todos os dias. O crime compensou. A dona, quando descobriu o roubo ficou braba comigo, a mesma que passou camisas a ferro. Nunca entendi a coisa.

Sunday, December 18, 2011

Xadrez

Tive duas avós meio marketeiras. Na primeira vez que voltei ao Brasil em férias, estava ainda aprendendo coisas com a que me abandonou por último, e aproveitei bastante. Era meu aniversário, dia de sol na praia, a figurinha olha para mim e diz: filho, pega este dinheirinho e compra uma coisa que gostes. Peguei as notas e me dei conta da enrascada que a vó tinha me enfiado. Comprar o que? do que eu gosto? do que preciso? Uma nuvenzinha preta apareceu a um metro sobre minha cabeça. Eu tinha que resolver a encrenca, afinal o dinheiro era da pensão dela, eu teria que gostar do presente, lembrar dela, uma coisa original, criativa, carinhosa. Eu deveria estar com uma cara de catacumba, porque meu pai disse: o deprimido, preciso dar umas voltas e não to afim de dirigir, vamos? Disse: To nessa. Fomos numa ferragem, e o papo fluindo, madeireira, banco, padaria, super mercado e esqueci do problema que a vó tinha me arrumado por uns minutos. Quando lembrei, disse: pai, a vó me ralou, ela me deu uns pilas pra eu comprar alguma coisa que eu queira e eu não sei o que fazer com isso. Ele: levei muitos anos para gostar da minha sogra, sabes o quanto gosto dela agora, mas ela sempre foi terrível. Nisso, apareceu pelo vidro do carro, um vendedor de redes. Comprei, pela metade do preço, a rede mais linda que possa existir. Como sempre, meu pai tinha entendido minhas entrelinhas. Depois que compramos a rede, precisavamos mostrar para a sogra dele o resultado da minha penúria resolvida. Mostrada, sentamos na nossa mesinha de perder no xadrez tranquilos e felizes. Era meu aniversário. A vó ainda hoje vive dentro de mim, e também pendurada na minha casa. Adorava ela.

Friday, December 16, 2011

Das fraldas

Meu dia foi curioso. Descobri, googleing, que um senhor baiano que se diz chamar Deus da Silva, publica as pobrices que escrevo no blog Espinho no dedo ll. O Sr Deus não me pediu autorização para coisa alguma, e ainda me colocou no time B, qual seria a dele? Os jornais londrinos de hoje gritaram que o marido da Carla Bruni, acha que o primeiro-ministro britânico esta sendo muito infantil tratando assuntos tão sérios como brincadeiras na seríssima crise europeia. Faz tempo que escrevo sobre o que Sarcozy desabafou, pelo menos um vivente concordou comigo. Foi bem bom ler as notícias. Quanto ao Sr Deus da Silva, que me coloque na primeira divisão ou que, pelo menos, me escreva dizendo porque eu teria sido rebaixado.

Thursday, December 15, 2011

Espelho meu

Ontem, me dei conta do quanto minha alma ainda é pequena. No descanso do cafézinho, o turco e o húngaro falavam sobre a crise da europa. Os dois preocupados, na verdade, com a validade dos passaportes deles falando, falando. Eu, apenas tomando meu café, dando uma descansada e me preparando para as coisas que deveria fazer depois. O húngaro então largou: O Reino Unido tem receio de sair da união europeia porque a França é o país com a melhor produtividade agrícola da atualidade. Uma entidade baixou e eu disse: cara, para de dizer besteiras, a França? olha o tamanho daquilo. Meio envergonhado com a reação primitiva, fui dar uma pesquisada nas coisas de ranking da produção de alimentos. Achei um e encaminhei para o turco. O site dizia que os USA são os mais produtivos, seguidos por todos os países da união europeia e em terceira posição estaria o Brasil. No outro cafézinho da tarde perguntei para o turco, recebeste o link que te enviei? ele: então o Brasil é o segundo maior produtor de alimentos da atualidade pra ser mais justo. Um sangue vergonhoso subiu para a minha careca e então disse: tem que ser, já viste em algum mapa o tamanho do Brasil? Meu pais sempre foi grande, minha alma que deveria crescer um pouco. Um dia vai, espero.

Wednesday, December 14, 2011

Gente punk

No jantar de final de ano da firma enxerguei o Pip, fui bater um papo com meu amigo. Virgínia, sua esposa de tantos anos, estava ao seu lado. Falamos um pouco sobre coisas sem muita importância, deu uma coragem e disse: andei dando uma lida na história do The Crass, tu eras a cantora Joy de Vivre, não eras? O Pip era o Phil Free, ele tímidamente gostou do rumo que a conversa foi levada. The Crass, foi a banda precursora de muitas outras contra tudo e a favor do que as pessoas, ditas como evoluídas, pensam agora. Vocês não ganharam dinheiro com aquele sucesso todo que fizeram, ganharam? afinal, a coisa da existência do grupo era tentar mudar o mundo como ele era em 1977 e ganhar dinheiro seria uma coisa antagônica. Ela olhando diretamente para meus olhos: temos que andar de ônibus e eu odeio. Eu: as pessoas no geral, não aprendem coisas com facilidades. O Pip me deu um abraço bem apertado. Trabalhar com o letrista da banda britânica que começou a coisa punk em 1977 não é pra qualquer gaúcho. A Joy de Vivre entendeu, porque o Pip me vendeu o carro velho deles meio dado.

Thursday, December 08, 2011

Amigos

Infância pode ser uma fase complicada. Alguns que já deveriam ser adultos na minha época, achavam que as crianças não mereciam muito respeito, afinal eramos apenas crianças. Para minimizar um pouco a minha injusta inferioridade, depois de uns três anos, nasceu a minha irmã. Tive que esperar muitos meses ate o bebezão poder falar, andar e talvez ser útil. Quando começou a falar, descobriram que ela era toda chata e os pés inclusive. Começou, por recomendações pediátricas, a usar botinhas ortopédicas, as mesmas que ela tentava acertar as minhas canelas, sem noção da dor que poderia me causar. Eu ainda era uma criança sozinha, construía umas estradinhas para brincar com os meus carrinhos, umas com pontezinhas bem arquitetadas. O bebezão aparecia e sempre pisoteava tudo. Eu era mais alto, e ela apenas mais gorda. Já sabia que não se pode bater em uma mulher nem com uma flor, apenas por isso não batia o brim dela. Na verdade, iria levar uns tapas dos grandes e eu não tava muito afim. Depois, o bicho cresceu e já falava, gostava de ver o Zorro, desenhos na televisão comigo e meus ódios foram diminuindo. Mais tarde ela seria o Robin e eu o Batman, com umas capas de chuva que achamos, destruíamos a sala da casa. Jogava futebol de botão comigo, íamos de bicicleta num clube tomar banhos de piscina, e cinema todos os domingos. Eu tinha medo de pedir para ir, ela nunca teve. Nossos pais davam os dinheiros e nos levavam, porque talvez tivessem receio de levar um chute das botinhas dela nas canelas deles. Alguns anos se passaram e a gorducha virou uma magrona alta e toda bonitona. Pra minha sorte, ela parou de usar as botinhas e virou minha melhor amiga. Somos amigos já faz uns 59 anos e nunca brigamos (uma vez ela usou minha escova de dentes para limpar os tipos da máquina de escrever dela, tudo foi resolvido depois, eu não sou rancoroso...). No aeroporto, quando eu estava para vir de muda e mudar alguma coisa, lá estavam os meus filhos, pais, tios, vó, sobrinha, cunhado, amigos e o restante da família. Depois de todos os abraços gotejantes, passando da linha de embarque, senti alguém pondo algo num bolço de trás da minha calça. Tirei a coisa e vi que eram uns bons dólares. Quem faria aquilo senão a ex gorducha? Achei a carinha dela no meio das pessoas, lá estavam aqueles olhos verdes úmidos me dizendo: te cuida e boa sorte mano.

Sunday, December 04, 2011

Franqueza

Das coisas que lembro, umas não consigo esquecer. Meu irmão rico morava em Paris no ano que me mudei para Londres. Nossos pais, resolveram dar uma passeada pela Europa e assim poder também dar uma conferida nas vidas dos guris. Em Paris, foram recebidos aos costumes. Como sempre, ficaram numa casa com suite para o casal, croissants fresquinhos e mais todos uns etcéteras. Umas semanas depois meu irmão me telefonou dizendo: negócio é o seguinte, os dois estão indo para Londres e tens que reservar um hotel legal pra eles, te vira. Não pode ser um muito caro, porque a mãe vai querer te matar e também um não muito ruim, senão o pai faria o serviço. O guri me meteu numa fria. Falar inglês era ainda uma dificuldade, e entender o que as pessoas diziam era ainda mais difícil. Me enchi de coragem e fui num monte de hotéis, achei um que talvez preservasse o meu tão difícil viver. Tive que juntar umas raras moedas para buscar os caras no aeroporto, não era só meu inglês que era furado, a carteira estava com problemas também. Já no trem para chegarmos em Londres, recebi uma mensagem no telefone: olha, a mãe fez uma plástica nos olhos e tens que notar, senão ela vai ficar triste. Li a mensagem e comecei a gargalhar, mostrei para o pai e ele adorou. A mãe: vocês sempre de conluio, que injustos. Levei eles no hotel que escolhi e acharam ok. No outro dia, mostrei onde morava e eles não gostaram muito, foram apenas muito elegantes nas opiniões. Eles voltaram muitas outras vezes a Londres, essa foi a que lembro de uns carinhos muito especiais. Fomos nuns restaurantes, ganhei umas partidas de pool inglês, a mãe me mostrou a cidade que eu estava morando, e meu pai num dia daqueles me disse: Rogério, me desculpa a franqueza, tu andas muito mal vestido.

Friday, December 02, 2011

FMI fora daqui

Preciso de ajuda, umas coisas não consigo entender no país que me adotou. Quando algum orgão vai fiscalizar uma empresa, seja do que for, eles avisam, e marcam dia e hora. As greves são avisadas, com pelo menos duas semanas de antecedência para as pessoas se organizarem, e duram um dia, apenas um dia. Fiscalizar o que? se as empresas podem arrumar o que não esta bom, e depois deixar as coisas como estavam. Greves para que? se somente o povo trabalhador pagaria o pato. Fiscalização deveria ser feita sem data marcada, e greves deveriam durar ate que as partes entrassem num acordo. Coisas democráticas numa monarquia parlamentarista estão me deixando muito confuso.