Wednesday, December 21, 2011

Chegando

Depois de muitos abraços húmidos, sai de Porto Alegre rumo ao mundo de tantas antigas histórias. No avião, cometi minha primeira e penúltima gafe. Perguntei para a mulher que falava inglês com os comissários e estava sentada do meu lado. Disse, caprichando no sotaque: Are you england? ( Você é a Inglaterra?) a pessoa levantou um polegar e riu muito. Me dei conta que eu estava frito, me senti um analfabeto imediatamente, e nem tinha chegado no lugar ainda. Decidi na hora virar mudo, até qualquer dia do futuro. Cheguei, não entendia ninguém, e nada do que estava escrito nas coisas. Eu, que era sabedor do verbo to be, vocabulário mais ou menos, disse pra mim mesmo: cara, tu te ralou feio agora. Ajudado por um mapa, consegui pegar os metrôs, ônibus e a caminhada que teria que fazer até chegar no meu primeiro destino em Londres, sempre ajudado por uma mala enorme, muito pesada e uma menor para me deixar mais aliviado. No outro dia, meu irmão me disse que tinha comprado passsagens para eu ir à Paris, passar uns dias com ele. Eu deveria definitivamente ir, já que estava tão perto. Fui, adivinhei o caminho para outro aeroporto, me senti perdido um monte de vezes, mas cheguei. Me senti muito mais analfabeto ainda em Paris, coisa que não me ajudou muito para a vida. No caminho da casa dele, que era no centro, avistei uma torre. Disse: aquela torre é a que estou pensando? Ele: deve ser, amanhã vamos lá. Fomos na parte mais alta. Depois brincamos de nos perdermos em Montmartre, ruas pequeninhas e uma cerveja num bar quase caindo de tão antigo. Dois dias ou mais depois, peço para lavar umas roupas, coloquei as coisas na máquina do guri e depois pensei, onde secar? Coloquei umas cordas nas janelas frontais do apartamento do cara no centro de Paris e estendi as minhas roupas. Quando ele chegou em casa, me olhou com mesclas de pena e ódio. Só agora entendo os sentimentos confusos. Amei aqueles dias.

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