Thursday, October 28, 2010

Hillside clubhouse

Tenho um probleminha com entrar em igrejas. Na verdade, nem entro, por medo que alguém tente me ensinar a não cometer erros que nunca pensei cometer. Já fui obrigado a entrar diversas vezes, por coisas da vida, sempre foi difícil, nunca entendi o que falam, pra mim é grego, sempre foi. Ontem, entrei numa que gostei. Tem tamanho, design, e não funciona como uma . O antigo grande prédio é usado para dar assistência a pessoas que tem problemas mentais. Dão condições possíveis, pra que estas pessoas tenham alguma chance de terem uma vida normal. A maioria das igrejas de Londres não funcionam mais como templos da falácia. Elas fazem parte da realidade, e das necessidades que temos. Uma Igreja dessas, eu queria entrar e não pude, foi o estúdio do Eurithmics, não que eu gostasse das músicas deles, mas foi mais uma igrejona que virou útil, e estúdios fizeram parte da minha vida, tive uns.

Batata caponense

O avô que pude conhecer era metódico, sério e durão. Nos veraneios, tive a oportunidade de conviver com primos e tios. Os filhos dele se escondiam pra não levarem um sermão ou terem que ajudar em alguma atividade previamente planejada. Tudo tinha que ser feito como ele tinha pensado, sem nenhuma abertura pra negociações. Eu, como não tinha noção do perigo, volta e meia questionava as ideias dele, com a educação possível, eu tinha uns 5 anos de idade. O vô me irritava muito, quase sempre. Acho que minha ingênua bravura fez com que ele gostasse bastante de mim. Nas idas de inverno até a praia, eu sempre fui o neto convidado, aproveitei todas as vezes. A garagem era enorme, parecia um museu, e quando eu quisesse, ele prontamente me dava a chave do atual flamante Aero Willys pra usar as ferramentas, que estavam numa malinha de couro no porta malas. Eu colocava tudo de volta como estavam, foi a minha primeira experiência com o jogo da memória, louco sempre fui, mas burro, a este ponto, não. O casarão e a praia não existem mais. A casa ficava na rua Moacir na agora cidade Capão da Canoa. Lá, fui apresentado pro almanaque do gigantesco Correio do Povo, dormindo no quarto da vó e do vô, talvez por isso me incomode o sobrenome equivocado da batata. A batata nunca foi inglesa, os Incas que "inventaram" o tubérculo batatoso. Acho que o seu Ewaldo gostava muito de mim, talvez por algum sentimento de culpa que a xaropice dele possa ter me contaminado. Eu gostava muito daquele meu avô.

Sunday, October 24, 2010

Peru

Algum professor me ensinou que não se pode traduzir nomes próprios. Países não são pessoas, portanto seus nomes poderiam ser traduzidos. Nunca concordei com a regra. Nos referimos sempre
à
Türkiye como Turquia, at
é
a
í,
tudo bem. Os ingleses, simplificadores, traduziram o nome do pa
ís dos turcos pra Turkey (Peru em inglês). Sim, aquela "paranóide" ave sacrificada e devorada tradicionalmente nas ceias natalinas, d
á
nome para dois milenares lugares. Sinto alguma pena dos ingleses, mas nenhuma do tal professor, ele deve estar ainda ensinando regras ridículas.

Thursday, October 21, 2010

Aviso

Moro numa cidade que é a capital de um país, que é também centro de decisões de uma encrenca política chamada Reino Unido. Demorei um tempão pra ter certeza que o reino não é tão unido quanto imaginava. São quatro países que tiveram línguas próprias, que têm ainda hoje costumes diferentes, e foram agrupados pela força e ambição imperialista inglesa. A história da Grã-Bretanha (Great Britain, United Kingdom) é longa e cheia de versões. Eu procurei saber tudo o que esteve ao meu alcance. Se alguém tiver o mesmo interesse, que faça a mesma peregrinação. Única coisa que preciso avisar pra quem vier passar uns dias neste lado do mundo: Nunca chamem um irlandês, escocês ou welsh de inglês, eles ficarão revoltados com o desaforo, e tristes por terem perdido o país e a identidade cultural deles.

Sunday, October 17, 2010

Holland house

Atravessando o belíssimo Holland park, o que mais me encantou foram as ruinas do casarão que deu o nome para o parque. Na verdade, o casarão já foi chamado The Cope castle, que depois por motivos de herança, foi renomeado Holland house. Tem uma placa, perto do portão, contando um pouco da história do palácio grandão. Ele foi construído no comecinho do século XVII, habitado somente por gente que nunca precisou trabalhar e, foi utilizado também como quartel do Cromwell na guerra civil inglesa. Agora, ninguém dá bola pra ele, a inglesada apenas aproveita as coisas interessantes dos jardins do castelo que foi, pra variar, bombardeado e desfigurado pelos aviões do redundante Adolfinho.


Friday, October 15, 2010

Museus

Não tenho como descrever os museus de Londres. São vários, imensos, visitei todos os que pude, várias vezes, muitas vezes. Foi minha maior diversão por muito tempo. Aprendi muito com eles, talvez a lição mais importante seja a que ir a museus, precisam ser passeios solitários. As histórias sempre foram contadas pelos outros, que cada um possa imaginar a própria versão das coisas, usando o tempo que achar necessário pra cada capítulo.

Wednesday, October 13, 2010

Dinheiro

Gosto muito do antigo e do moderno juntos, acho bem legal a mistura. A London Eye, ao lado do belíssimo prédio County Hall, perto das casas do parlamento, não funcionam assim. Não funciona, porque roda de bicicleta, por maior que seja, tem nada de moderno. Eu tinha alguma esperança, que um dia, colocassem a roda em outro lugar, agora perdi. O mais novo projeto turístico de Londres, vai ser construir uma plataforma sobre o rio Thames, ao lado da rodona, bem na frente do County Hall e colocar um Concorde ali. O fantástico Concorde mereceria um respeito maior, seria mais justo. Não é apenas um avião, foi uma escultura que voava muito, muito rápido. Depois que colocarem um Concorde lá, nunca mais vão mudar aquela coisa redonda de lugar. Os ingleses são espertos, virão montanhas de turistas pra ver o avião e, pensarão que o projeto concorde foi somente deles. Os franceses, na opinião local, sempre foram incompreensivos, interesseiros e rancorosos.

Tuesday, October 12, 2010

Premonição

As coisas "pra Inglês ver" que existem em Londres, me incomodam. São falsas, mentirosas e, tem cheiro do dinheiro idiota do turismo. Outras, que sinto como outras, admiro. Os caras começaram a construir túneis bem fundos, pra fazer com que trens andassem por baixo da cidade em 1863. Carros, ônibus, ou caminhões ainda não tinham sido inventados, assim dizem. Colocaram um dinheiro enorme, trabalho grande, numa coisa que bem mais tarde seria um problemão pra ser resolvido. O que mais me emociona, na história do vanguardista metrô londrino, foi saber que as estações, salvaram milhares de vidas dos bombardeios de 1940. Elas foram usadas como única chance de sobrevivência, sem nenhum conforto para os desesperados inquilinos, entretanto, elas, as estações, deram esperança para aquelas pessoas, viverem mais um dia, pelo menos.

Sunday, October 10, 2010

London wall

Não tem interesse dos turistas, até porque poucos saberiam da existência das ruínas. O muro, London wall, construído pelos romanos lá pelo ano 190 DC cercava a pequena e jovem Londinium (Londres). Teve sete portões. Depois de saber um pouco da história do muro, dá pra entender a grande quantidade de nomes, naquela área, de estações de metrô, e ruas terminados com o sufixo gate(portão).

Saturday, October 09, 2010

Great Clock of Westminster

"Ir a Paris e não ver a torre Eiffel é como ir a Londres e não ver o Big Ben". A frase tem, no mínimo, dois erros. Quando se está em Paris é impossível não avistar a torre Eiffel, a cidade é plana, portanto, só não vê a torre quem não quer. Outro: Big Ben, foi o apelido dado ao enorme sino, que marca as horas, no carrilhão do Great Clock of Westminster, um relógio de 7 metros de diâmetro que fica no alto de uma das torres das casas do parlamento. Ninguém que veio, ou que vive em Londres, pode ou poderia ver o Big Ben, apenas os caras que fazem a manutenção da coisa, penso. Encontraria mais uns erros: Ir à algum lugar e depois de ver a coisa mais famosa, relaxar, pensar que conheceu tudo. A frase que comecei o texto deve estar errada, não lembro da original, e pouca gente se importaria em saber o verdadeiro nome de um relógio, por mais famoso que ele seja. Roubar de um fotógrafo a foto do sinão, foi o pior, pronto, confessei.

Friday, October 08, 2010

Entrelinhas

Tinha algo de sarcástico numa das fotos, do famoso V de vitória do Churchill. Inteligente como poucas pessoas, provavelmente, aproveitou a primeira consoante da palavra victory pra mandar o inimigo alemão pra bem longe. Mostrar aqueles dois dedos, e daquele lado, não significa nada bonito nesta terra, é muito mais grave do que mostrar o dedo médio pra alguém, pelo menos duas vezes. A razão do significado é antiga, e pra variar, sem testemunhas. Na guerra dos cem anos com os malvados vizinhos franceses, os arqueiros ingleses ficaram sabendo, que se fossem apanhados, teriam aqueles dois importantíssimos dedos decepados, para não mais poder usar um arco. Então, diz a lenda, que os ingleses vencedores de uma das batalhas, mostravam aqueles dois dedos para os rabugentos derrotados, querendo dizer que estavam intactos. Que besteira, naquela época matar era diversão, castigar alguém é uma arte bem mais moderna, não faz sentido a explicação que me deram. O que acho que faz sentido, foi o Churchill ter mandado o Adolfinho pra uma ponte qualquer de Paris, de uma maneira que somente os ingleses entenderiam, e com certeza, amaram.

Wednesday, October 06, 2010

Saudades de mim

Não lembro de ter lido nada que falasse mal da Pepsi, Xis da esquina, pizzaria do bairro ou coisas assim. Cansei de ser avisado das brutalidades que a Coca-Cola, McDonald's, e Pizza Hut causam à saúde dos adultos, das criancinhas, ou até mesmo da camada de ozônio. A ignorância é minha, assumo. O que não gosto, não suporto mais, é a posição cômoda das pessoas que usam seus importantes neurônios para apenas tentar destruir. Não lembro ter ouvido nada de alguém que aprovou ou gostou, apesar dos pesares, de algum governo que o Brasil já teve. Criticar fica fácil, os aplausos aparecem, gargalhadas das piadinhas, e fazem as criaturas parecerem mais inteligentes ou informadas do que realmente são. Acho que isso deve ter um fim. Precisamos ficar adultos urgentemente, parecemos adolescentes quando falamos de quem escolhemos, ou escolheremos para governar o nosso rico e lindo país.

Tuesday, October 05, 2010

Custodian helmet

A versão masculina do capacete que a policia britânica usa é engraçado, alto e não parece confortável. As mulheres, como fazem parte do efetivo há bem menos tempo, usam uma coisa mais moderna. O custodian helmet, como eles chamam, foi introduzido no uniforme da polícia em 1863, seguindo o design da cartola que os cavalheiros da época usavam. Agora, depois de 150 anos, os policiais estão tentando modificar o capacete histórico para uma versão mais baixa. Andar a cavalo, tudo bem, mas dirigir usando uma cartola pesada, fica uma coisa sem sentido, argumentam.

Sunday, October 03, 2010

Thames barrier

O rio Tâmisa é bem maior do que aprendi nas aulas de geografia. O Thames, não foi apenas responsável pelo nascimento de Londres, ele passa por mais doze cidades bastante conhecidas, como: Oxford, Windsor, e Kent. O rio nasce num vilarejo chamado Kemble e, depois de viajar 346 Kms, desemboca no que chamamos mar do norte. A água, salgada pelo contato com o mar, impossibilita a potabilidade, e também deixa o famoso rio, muito perigoso. Londres já teve sérios problemas com suas cheias, e então pra evitar uma tragédia total, contruiram uma barreira gigantesca, tipo comportas, eficiente e de rápida ação. Foi inaugurada em 1984 e custou muitos milhões de pounds, pelo alto custo dá pra perceber a importância da coisa, meio que ignorada. Nos últimos dez anos, a barreira foi utilizada por 75 motivos. Às vezes, tenho certeza que a ignorância é um dos ingredientes do bem viver.

Saturday, October 02, 2010

Clube dos artistas

James Whistler e alguns amigos, fundaram o Chelsea arts club em 1891, provavelmente, para trocarem inteligentes ideias sobre as artes longe dos xaropes mortais, frequentadores dos pubs de esquina. Fui convidado por um membro, e então pude ter uma boa ideia do que acontece nas noites do fechado club. O casarão, tem um cheiro forte de criatividade, diminuido pelos caros perfumes que atrapalham o clima. O enorme jardim, possui vários ambientes interessantes, com estrutura para serem aproveitados mesmo no rigor do inverno. No salão principal, ao lado do piano de cauda, entre uma bebida e outra, pode se ouvir poesias, crônicas, músicas de vários estilos, ou o que for convencionado como arte. Falando das coisas legais do club, perguntei para um dos administradores, o que uma pessoa precisaria fazer para entrar como membro? Ele olhou pra mim com piedade e sentenciou: "Muito difícil, antes de tudo, precisa ser pintor, cineasta, escultor, escritor, músico..." Me arrependi de ter perguntado.