Thursday, August 18, 2011

Primos

Num corredor de onde trabalho, encontrei meu amigo muçulmano gargalhando com o telefone na mão. Perguntei se eu poderia rir com ele da tal coisa engraçada. O Abdul me disse: Rog, um judeu acabou de me enviar uma mensagem dizendo que com certeza estará sábado na sinagoga para o sabbath com o Lord. Respondi Masha Allah ( qualquer coisa que Alá profetizar) então, o judeu enviou outra mensagem agora dizendo: Mil desculpas! a mensagem anterior foi enviada por engano. Eles tem algum respeito uns pelos outros, enquanto lerem os mesmos livros de sempre, nunca poderao fazer um encontro familiar feliz. Eu acho simples assim, porque nunca abri nenhum daqueles livros, e nunca tive a menor curiosidade.

Wednesday, August 17, 2011

Burrices

Nos anos 80 comprei em "duas vezes sem entrada e sem acréscimos" a coleção completa dos Livros do Freud pra dar de presente. Como a coisa foi meio cara resolvi dar uma olhada num dos livros. Achava que seriam todos muito chatos, e que eu não entenderia uma frase sequer. O "cabocu achadô baixou", e como mágica, me colocou nas mãos a página que tinha um texto muito interessante sobre militarismo e religiões. Das religiões não quero falar agora, porque é um assunto muito chato e óbvio. Quero falar dos militares, afinal inventei uma ladainha inicial só pra falar mal deles. O que entendi do texto do Freud, seria que a profissão de militar tiraria da sociedade paisana, gente com habilidades de matar pessoas sem sentirem culpa nenhuma, desde que tenham algum motivo. Motivações como salvar a pátria amada, ou o mundo dos vilões. Numa adjetivação dificil seria escolher entre assassinos de plantão ou bravos heróis. As forças armadas, no máximo da minha compreenção, serviriam para a "proteção nacional" de tentativas de invasões de vizinhos doentes mentais, como tantos que a história nos mostrou, mas fazer isso de investimentos financeiros, não posso aguentar. Os english ainda estão fazendo negócios com os USA, mandando tropas para países em dificuldades financeiras ou políticas para mais tarde, ganhar uns dinar. Muitas pessoas das várias partes morreram e ainda morrerão, mas o investimento parece ser muito lucrativo. Talvez mais uma colônia, uns poços de petróleo, uns ouros, e o custo disso tudo? Mantendo verbas para os "investimentos" nos países em dificuldade, colaborou muito para que jovens sem educação, e com pais idiotizados, colocassem os nobres moradores de Londres em pânico de sair das suas confortáveis casas. Muitas "crianças" inglesas fizeram arrastões por Londres, incendiaram carros e prédios. Quem sabe limpar o próprio umbigo sujo, seria uma maneira mais inteligente de investir o dinheiro que está acabando. Bato na mesma tecla faz tempo, os caras são primitivos.

Wednesday, August 10, 2011

Primeiro mundo

Todo o glamour de alguém morar em Londres, pode ser interpretado, ou abreviado, como a oportunidade que o sortudo teria de estar vivendo perto de coisas impensáveis. Não indo muito longe no tempo, os aviões do inimigo preferido dos ingleses o Adolfinho, quase destruíram a cidade completamente. Como para mim, era somente uma coisa de livros de história, quando vi as marcas, dei o valor histórico à elas como uma profunda burrice que os europeus foram vitimados por umas circunstâncias de um período distante. Infelizmente, para mim, o burro sempre foi eu. Eu já morava aqui quando uns " politizados cidadãos" detonaram bombas para matar qualquer um, e mandarem uma mensagem clara que eles não estariam gostando de algum posicionamento do governo Inglês. Vivi, então, minha primeira impressão de como seria o final do mundo. Gente desesperada correndo com os telefones na mão, sem saber o que fazer, foi muito punk. Nos últimos dias, toda a minha revolta de como os pais ingleses tratam o futuro dos filhos, veio a minha memória. Eles, os pais, querem se livrar das despesas com os jovens, o problema depois dos 15 anos de vida, passaria a ser totalmente deles. Se juntam com amigos, aproveitam as oportunidades de se rebelarem contra o sistema monárquico-capitalista saqueando, incendiando, e roubando. Eu sempre estou errado, já me acostumei.

Saturday, August 06, 2011

Amy Flowerhouse

Continuo passando todos os dias na frente da ex-casa da Amy, ou da casa da ex-Amy. A rua virou fashion, muitas pessoas ao redor, a maior muvuca. Bilhetes são colocados dentre montes de flores de plástico. Já roubaram as placas de identificação da rua e também das de acesso. A menina talentosa perdeu a vida, mas "em compensação" Londres ganhou mais uma ridícula atração turística.

Wednesday, August 03, 2011

Lila

No auge da tranquilidade do me bastar, apareceu uma paraquedista interessante na minha rota. Não tive como negar a aparição, e fui obrigado a ver no que daria. Mulher que sabe que é tudo de bom, e concomitantemente ao mesmo tempo inteligente, poucos segurariam a bronca toda. Depois de muitos almoços, fui até a casa dos pais da suposta futura prenda para uma primeira tentativa de algum jantar. Lá chegando, apertei no botão reservado à quem quer ser apresentado, e tocaram uns sinos num volume bem alto. Uma Collie, a Lila, veio me receber. Nas outras vezes que voltei à casa, eu não precisava apertar a tal campainha, a Lila latia tanto, e corria tanto pra avisar as gentes que o amigo dela tinha chegado, que eu não precisava me mexer. A casa era guardada por mais dois seres. O Xixo ( cadela) e a Tuca ( vulgo Senda) elas não davam muita bola pra mim. O Xixo era uma vira latas meio sem graça, meu ex-sogro adorava ela, nunca entendi porque, e a Tuca, era uma sheepdog branca toda linda, e meio doente da cabeça. A vida andou um pouco, e eu acabei morando nesta casa. Um grande amigo do meu ex sogro me privou do prazer que seria dar banhos e pentear a Lila, ele quis ficar com ela no seu enorme jardim e aproveitar a companhia do grande ser. O Xixo desapareceu, me sobrou a tarefa de dar banhos, e pentear os pelos engruvinhados da doente mental Tuca. Como ela mordia todo mundo, antes do primeiro banho, tivemos uma conversa bem longa, depois ela deixava somente eu, pentear os pelos grudados de sujeiras. Acabei podendo tirar um caco de vidro de uma pata dela sem ser atacado. Num dia de chuva, meu primeiro filho ( tenho dois) estava dormindo numa coisa chamada Moisés, numa sala perto de uma das portas. Quando vimos, tinha marcas de patas caninas embarradas, dando sinal de que a maluca foi dar uma olhada no filhote dos humanos, e que agora estavam cuidando dela. Morar do outro lado do atlântico, faz muito bem. Situações que foram muito importantes para as vidas, e que já deveriam estar esquecidas, voltam à memória. Temos apenas uma vida, e ela para fazer algum sentido no futuro, parece bem bom termos os sentimentos passados a limpo com Creolina e deixar as coisas boas serem apenas lembradas como coisas boas que já vivenciamos. Nunca me arriscaria a pentear uma Tuca de novo, e sinto muitas saudades da minha amigona Lila.

Monday, August 01, 2011

Carrinhos

Assim que pude, sai da confortável (Febem) casa dos meus pais e fui morar sozinho. Aluguei um apartamento perto de todas as coisas que eu gostava na época: cebos, cine Bristol, lancheria do parque, bar do Beto da esquininha, Zé do passaporte e afins. Me achava uma criatura especial, pois havia descoberto os caras da geração Beat, conseguia entender os livros do Sartre, e os de outros escritores complicados na arte. Como eu trabalhava no "podre" mundo da propaganda, e me sentia muito culpado, tentava diminuir o sentimento com minha paixão por revelar rebeldes fotografias P&B, ler livros xaropes, fazer parte de grupos ecológicos e me privar de assistir televisão. Como um hipócrita qualquer, eu tinha um Corcel II metálico, pneus goodyear, toca fitas Miami ll, amplificador tojo, e tweeters Selenium por todos os cantos do polido bólido. Num raro dia chegando mais tarde em casa, fui colocar o "automóvel" na garagem e o tio que cuidava do prédio, estava vendo televisão na guarita. Fui bater um papo com o Marinho, ele era um cara querido, gostava muito de papear com ele. Eu deveria estar chegando de alguma festinha. Ele, absorto vendo uma corrida de Formula 1. Lá estava um doido correndo num carro preto, quase sempre em três rodas, gostei muito daquela bravura, fiquei com o Marinho vendo a coisa até o final desconfortavelmente em pé. Logo depois, um diabinho me assoprou: "deixa de ser ridículo, e compra uma televisão só para assistires as corridas de carrinhos que percebi gostaste...". No outro dia, pensei numa desculpa bem boa, e comprei a televisão mais cara e moderna que havia no mercado. Escondia ela dentro do meu guarda-roupas de mim mesmo, só tirava ela do castigo, quando aos domingos tinha corridas de carrinhos. Eu me achava a pessoa mais coerente que poderia existir. Continuo me achando, tanto que meu gosto para filmes mudou muito, com a desculpa de que seriam necessárias aulas de inglês. Adoro agora de paixão comédias românticas, aqueles filmes que ninguém morre, situações engraçadas, lágrimas que caem, e no final tudo se resolve mágicamente para todos. Minha irmã uma vez me ensinou que os "bagaceiros" sempre deixariam pistas das mentiras sobre alguma falsa condição econômica, ou de uma triste falta de cultura. Agora, na minha atual fase bagaceira, fiquei uma pessoa de gostos duvidosos, e muito feliz com todos os rótulos depreciativos que, talvez, mereça.