Wednesday, May 30, 2012

FTb (P&B)

Tive umas coisas que gostei muito na vida, uma Cannon FTb que comprei usada de um jornalista da Caldas Jr e um carro. O carro era um "dengue" que consegui pagar um ex sogro querido meu. No carro a Cannon tinha um lugar reservado, o porta luvas. Fui um adolescente meio atrasado no tempo, então com uns vinte e poucos anos queria ainda salvar o mundo com minhas importantíssimas fotos. Volta e meia dava umas caronas, levei pouco tempo para ler "O tempo e o Vento", mesmo assim um caroneiro me disse: Aquele livro está no banco de trás já faz um tempão! e eu: Aquele é o sétimo volume de capa parecida, o. O que teriam feito Ana Terra e Rodrigo Cambará se Erico não os tivesse inventado? Li todo o "Retrato" na recepção da minha terapeuta, eu tinha uma pastinha cheia de ideias e livros naquela minha época. Foi bacana.





Friday, May 25, 2012

Quem avisa...

Aproveitando a coisa das cinzas do vulcão que impossibilitou os aviões de cruzarem o céu de Londres um dia disse: Viram? o céu de Londres também é azul, o que deixa o coitado cinza são os milhares de aviões que cruzam por ele. Um inteligente desqualificou meu entusiasmo dizendo: Foi apenas uma coincidência, don't worry about it. Anos depois, sem ter aprendido absolutamente nada sobre a cultura inglesa e interrompendo um papo de cafézinho me aventurei: Acho uma péssima ideia que os jogos olímpicos sejam disputados em Londres no momento, os terroristas vão aprontar alguma, só não vê quem não quer. O mesmo gênio me garantiu que nada de ruim poderia acontecer, já que a polícia inglesa está bastante bem preparada. Enquanto as olimpíadas estiverem acontecendo sairei de casa apenas por descuido. Avião, trem, metrô ou ônibus nem que me paguem as passagens. Sou brasileiro, mas nem por isso eu tenha a obrigação de ser um burro desqualificado.

Saturday, May 19, 2012

Papo furado

Um dia comentei com uma amiga que mesmo achando divertido juntar umas palavras, seguidamente nada me ocorria de interessante para escrever sobre. Ela prontamente disse que conhecia um texto de um ilustre que sofria do mesmo mal e que me enviaria o tal texto por e-mail para tentar me ajudar na suposta crise. O texto começava mais ou menos assim: " A tela vazia e nenhuma palavra aparece para ser escrita, um "branco" acontecendo e blá  blá  blá ... por mais umas cinco páginas". Na última linha o gênio me deu o tiro de misericórdia escrevendo: "Quando não temos nada de interessante para escrever a coisa pode ficar bastante difícil". Estou achando que a maneira mais racional de aproveitar uns livros seria ler apenas a primeira e a última página. O miolo rechearíamos com as nossas experiências e gostos pessoais. Não sei se alguém concordaria comigo, mas eu não tenho mais tempo de vida para perder com gente que escreve muito sobre absolutamente nada.

Do livre pensar

O que conhecemos do tentar viver decentemente veio de uma história muito distante e dolorida. Se eu tentasse colocar o que estou pensando em cinco, dez ou cem mil anos atrás alguns ainda me chamariam de ridículo, tudo bem, seguro mais essa. Existem pessoas inteligentes que juram que a vida do planeta começou no ano zero, Jesus nasceu, fazer o que? Os gregos, mesmo com os vários Deuses deles, nos trouxeram grandes ideias para serem desenvolvidas, talvez as pessoas da época teriam o cérebro meio vazio, daí aparecerem tantas coisas inovadoras, sabe-se lá . A Grécia está falida de novo, algum novo império inimigo estaria surgindo ou seria apenas mais uma forma de comprovar a teoria de Darwin. Conheci dois gregos, tentei e não consegui gostar de nenhum, sinto muita vergonha de mim.

O braço traidor

Depois de anos relutando, resolvi aceitar a ideia de ir num restaurante chinês em Londres. Algo me dizia que o pão de aipim não existiria, o molho doce-azedo fosse invenção dos chineses que migraram para Porto Alegre e que o arroz com misturinhas fosse delírio meu. Como entrada serviram uma cumbuca de "mandiopã " (alguém ainda lembra disso?) com um molhinho bem bom que adorei!. Senti como se estivesse no Pagoda ou Lokun, uma boa viagem no meu tempo. As chinesas serviram o que tínhamos pedido e era muito semelhante ao que meu olfato   lembrava. Depois do jantar e uma conversa bem boa acontecendo, uma chinesa resolveu limpar a nossa mesa sem pedir licença. Fiquei de olho nela, o meu saudoso mandiopã  ela não iria subtrair, já tinha inclusive um discurso polido nas minhas mangas. Eis que vem um bracinho chinês pelas minhas costas e vai direto na cumbuquinha das minhas saudades. Minha reação foi péssima, grosseiramente disse: Não toca no meu mandiopã!





Culpas

Aprendi muito mais com os meus dois filhos do que já pude retribuir. O alemãozinho tinha uns nove anos quando me largou essa: O pai, to ralado. Tenho um sobrenome judeu e outro alemão. Minha vida pode ser meio complicada. A aliada dele, minha filha que tinha uns seis, sorrindo o sorriso destruidor de personalidades que ela ainda porta, esperou minha resposta com requintes. Lá  fui eu: Vamos um pouco mais para trás, judeu, alemão, italiano, português, francês e sabe-se lá as origens das nossas famílias, não esquenta a tua cabeça com essa coisa de sobrenomes. Lembrei da conversa com os meus dois, porque a segunda guerra deixou marcas profundas na Europa. Conheci uma única alemã que foi minha colega numas aulinhas de gramática inglesa e mais ninguém daquele país. Ela não parecia estar se sentindo confortável e eu entendi que nem poderia. Bombardear o país dos outros não deve ser uma coisa a merecer elogios. Ela não teve culpa de nada, mas o sentimento era inerente.

Sunday, May 06, 2012

Esperanças

Se eu tivesse a oportunidade de ser uma pessoa madura, teria tentado, talvez conseguido. Não deve ser fácil ser uma, fácil é reclamar, questionar, provocar ou exigir as coisas todas brilhantemente feitas ou resolvidas pelos outros. O jovem país Brasil, tem muito ainda que aprender com a história dos irmãos mais velhos. Alguns europeus (quase todos) gostariam que os seus governantes enviassem dinheiro para as suas casas pelo correio. Se eu fosse uma pessoa madura e sem querer parecer criativo perguntaria: Porque os países europeus estão quase todos na merda?