Sunday, February 20, 2011

Casa redonda

Cada vez que saio de casa, dou de cara com uma placa. Com o magnetismo costumeiro, vou ler o que está escrito na coisa. Ontem achei a placa da Roundhouse de Camden Town. A Roundhouse é uma enorme contrução de tijolos redonda, que serviu como garagem de locomotivas a vapor até 1856, os vagões ficavam na rua, sem muitas regalias. Como inventaram locomotivas mais compridas, a garagem ficou pequena, e jogaram ela aos ratos por uns cem anos. A luz dos anos sessenta chegando, e a necessidade de grandes novos palcos, Pink Floyd, The Doors, Jimie Hendrix fizeram shows na casa redonda. Os pelados de Oh Calcutta passaram por ali em 1970, e muitas outras peças famosas depois. Em 2004 fecharam para melhorias. Hoje, é um espaço redondo todo bonito, com bares e restaurantes a volta. Para a história dos tijolos, pouca gente dá importância.

Os idiotas

Quando leio meu extrato bancário, uma coisa me incomoda, e muito. Cada vez que eles subtraem algum dinheirinho, agradecem. Agradecem de uma maneira mal escrita. Depois dos centavos "injustamente debitados" leio sempre um irritante "THANK YOU". Meu problema com o departamento de marketing do meu banco seria insignificante perto do "case de marketing" do banco de uma amiga. Dias antes de ela completar 50 anos, recebeu uma carta parabenizando-a pelo aniversário e, pra não "perderem a viagem", sugeriram que como ela tinha alcançado uma certa idade, estaria na hora de fazer um seguro de vida, pra deixar algum dinheiro pros entes queridos ou, quem sabe, destinar algum para o próprio funeral. Minha amiga encerrou a conta no tal banco, e abriu uma conta no que AGRADECE o dinheiro que roubam. A sensibilidade dos marketeiros europeus, deveria ser estudada mais a fundo.

Thursday, February 17, 2011

Os protetores

Tenho conta em um banco, porque preciso. Umas coisas são legais dos bancos de Londres, outras nem tanto. Um dia, furtaram meu mobile (telefone celular), fui até uma loja da minha operadora pra comprar outro aparelho, e também bloquear as ligações feitas pelo telefone roubado. Até ai tudo bem, saí com um telefone novo, dos males o menor. No outro dia, fui tentar sacar um dinheiro num caixa eletrônico, e nada, e nada. Liguei pro banco, e me informaram que como meu telefone havia sido roubado, por uma questão de segurança, minha conta corrente estava bloqueada, que gente fofoqueira! Outra vez, desavisado, me mandei em férias pra minha terrinha querida, já no aeroporto, fui pegar uns "pilas" num caixa eletrônico, e nada. Como meu banco tem agências por todo o Porto Alegre, nem esquentei a cabeça. Assim que deu, fui numa agência do banco e perguntei o que estaria acontecendo, não consegui nenhuma explicação. Por previdência, tinha levado o cartão de crédito, que estava funcionando, e o maldito me salvou. Voltei pra Londres, e minha conta corrente continuava com problemas. Fui na minha agência, meio revoltado, e então me disseram que a minha conta estava bloqueada, porque teria alguém tentando sacar dinheiro dela no Brasil. Agora, já sei que tenho que dizer pro meu "sócio amado" pra onde vou em férias, e quando volto.

Sunday, February 13, 2011

Matéria plástica

Umas coisas são importantes pra vida, outras nem tanto. Já presenciei longas conversas pra decidir se o balde deveria ficar embaixo do tanque de lavar roupas, ou na segurança da garagem até o próximo veraneio. As vezes, o próximo veraneio nem acontece.

Saturday, February 12, 2011

Valentine's Day

Todos sabemos que o dia dos namorados "precisa" ser comemorado em 12 de junho. O resto do mundo, insiste em comemorar no dia 14 de Fevereiro, e ainda dar um nome diferente, "dia de São Valentim". Valentim, era um religioso qualquer, até entrar em atrito com o imperador romano da época, que acreditava que seus soldados lutariam melhor se solteiros, Valentine discordava. Prenderam o discordino, que mesmo no cárcere, arrumou uma namorada deficiente visual, disseram que ele teria curado a cegueira da menina. Foi executado no dia 14 de Fevereiro. Um Papa desses, resolveu achar que o cara era um santinho. No Brasil, a homenagem ao santo namorador é feita um dia antes do dia de Santo Antônio, o casamenteiro. Foi uma enorme sacada de marketing de um empresário brasileiro inteligente, e que funciona muito bem, até hoje.

Wednesday, February 09, 2011

Nada mudou

Um dia, me dei conta que a minha vida foi vivida em pequenos mundos criados pelo acaso. Na rua que passei minha infância, no bairro da adolescência, e numa cidade quando já adulto. Dos meus "antigos mundos", faziam parte apenas as pessoas que estavam próximas, meus amores, trabalho, projetos das próximas férias, gostos, e o que eu achava que seria meu futuro. Hoje, no tal futuro, me dou conta que pouco mudou, ou bem menos do que imaginava. Continuo vendo os adultos com os pasmados olhinhos que eu tinha na rua da infância, toda a insegurança que tive na adolescencia, e a certeza que adoraria voltar a ser criança, pra não me aterrorizar com a oligofrenia da raça humana.

Saturday, February 05, 2011

Vida

A morte deve ser uma coisa meio sem graça. A pessoa que morreu, não faz a menor ideia do que esta acontecendo, e os que ainda estão, por enquanto vivendo, ficam revirando memórias e sentimentos do eterno dorminhoco. Quando eu fizer parte dessa turma em férias longuíssimas, amaria que não ficassem fuçando no meu passado. Hoje, quando acordo, fico bem feliz com o acontecimento. Vai chegar o dia, e não demorará, que o meu acordar, falhará.

Wednesday, February 02, 2011

Português

Eu não sei falar português, não tenho a menor ideia de como escrever em português, e entendo muito pouco o que os portugueses falam. Porque insistir no nome da língua, se falamos e escrevemos outra? Posso estar sendo injusto com os "nobres" colonizadores que trouxeram a escravidão, levaram o que puderam de riquezas, mataram menos índios do que gostariam, e a família Real teve pra onde fugir, quando a coisa apertou pra eles na Europa. Só pra começar o discurso, que ficaria longo. Estaria mais do que na hora de mudar o nome da língua que usamos, pra não sermos confundidos com os "gajos que moram nos sítios de cá". Quando estive em Portugal, conversei com alguns João VI, Pedro I, II, Bartolomeus Dias, e Vascos da Gama. A forma de falar parece ser a mesma de uns mil anos atrás. Brasilish, Brasinhol, Brasilês, Brazuquês enfim, qualquer novo nome dado para a língua, seria melhor do que uma homenagem à triste colonização, burramente ainda enaltecida.