Sunday, October 18, 2009

Banguelada

Pouco tempo depois da minha chegada em Londres precisei de um dentista e fui até o hospital público mais próximo, queria evitar uma consulta particular já que eu estava com meus recursos financeiros abalados, zero dinheiro. Na recepção, perguntei da possibilidade de um atendimento gratuito em uma instituição qualquer, o sujeito começou a rir da minha cara, depois notei que o engraçadinho não tinha os dois dentes da frente e então comecei a rir junto com ele. A odontologia do suposto "primeiro mundo" talvez não permita criatividade profissional e os "dentes provisórios permanentes" brasileiros, tão necessários para a desbanguelização londrina, impossíveis. Que saudades da minha boa dentista boa!

Os velhinhos e os modernentos

Os velhos tinham charme, ar de história, cobrador e a Londres que eu imaginava. Os novos tem o motorista numa cabine blindada esperando que alguém esteja bem no meio da escada interna pra frear bruscamente, alto falantes gritando o nome de cada rua que se passa, janelas ridículas, cheios de "gente moderninha" que usa o telefone como se estivesse falando com um amigo que está do outro lado da rua e deixa sua "fucking sacolinha" no assento ao lado como se fosse mais importante do que as pessoas que estão em pé. Acho que tô ficando rabugento, socorro!

Sunday, October 04, 2009

Os heróis de Calais

No começo da guerra dos cem anos o porto da cidade francesa de Calais era fundamental para as intenções bélicas inglesas. Como foram fracassadas todas as tentativas de invasão convencional, o rei Edward III decidiu que o povo da cidade morreria de fome interceptando todas as remessas francesas de mantimentos. Propôs mais tarde, como era muito bonzinho, que pouparia a vida da população de Calais se seis dos mais importantes cidadãos se entregassem para futura execução, vestindo apenas túnicas, cordas nos pescoços e as chaves da cidade. A Rainha Philippa, aos prantos, pediu que as vidas, destas verdadeiramente nobres pessoas, fossem poupadas e Edward III, provavelmente com receio que sua esposa passasse a ter frequentes dores de cabeça, acatou o pedido. Auguste Rodin foi encarregado de criar um monumento em homenagem à bravura destes burgueses e em 1895 foi entregue a Calais a escultura fantástica "Les Bourgeois de Calais". Uma cópia está no "Victoria Tower Gardens"um pequeno parque, atrás do parlamento Inglês. O local foi escolhido como uma forma de desculpas, imagino.

Saturday, October 03, 2009

Ora pois,tais a ver?

Como vocês chamam "Roundabout" no Brasil?
Na minha cidade chamamos de rotatória, respondi. O português caiu na gargalhada, achou ridículo o nome que damos para a "Rotunda" deles e deu a maior discussão. Eu agarrado nas reformas da língua que fizemos e ele na tradição europeia de não mudar, mesmo o que parece não fazer mais sentido. Quem estava certo? O bate boca foi no meio de uma sala enorme e cheia de gente, depois que souberam qual era o assunto, numa pausa, um me disse: Rodger, não daria pra vocês discutirem esta coisa em inglês pra gente poder aproveitar? Meu amigão aprendeu a não cutucar um gaúcho com as velharias gramaticais portuguesas afinal,"Quanto mais se abaixa mais aparece a rotunda", não é verdade?

Um café pra nós dois

Já experimentou o"English breakfast", não? Imagina acordar, escovar os dentes e ter como café da manha: Bacon frito, feijão doce enlatado, meio tomate queimado, ovo gordura, linguiça com gosto de couro, duas torradinhas molengas e tudo no mesmo pratinho, que delícia! Depois não entendem o senso de humor inglês...

A bomba boazinha

Um dos mais importantes teatros londrinos o "Theatre Royal Drury Lane" teve sua primeira grande noite em 1663 e com apenas 9 anos de atividades foi destruído por um incêndio. O prédio foi reconstruído e durou mais 120 anos de aplausos até que foi demolido para dar lugar a um teatro maior que outro incêndio destruiu redundantemente também. O "Drury Lane moderno" foi inaugurado em 1812 e continua inteiro, apesar da "cara de pau" de algum piloto nazista de 1940 ter acertado uma bomba bem no meio do coitado. A bomba não explodiu e está num dos corredores centrais do teatro, como uma espécie de monumento à sorte que teve em toda a sua existência.