Wednesday, February 29, 2012

Para o "poetinha"

As vezes penso, por obviedade existiria, porém fico na dúvida se a máxima escrita (dita) como definitiva por uma pessoa de outrora seja verdadeira. Na minha vida londrina, o que penso ou digo é colocado facilmente numa vala comum, lixo. Então que papo furado é esse de existência? Vivo agora numa cidade que ninguém tem idéia do que a palavra ternura significa, saudades muito menos. Tentar explicar o que Vinicius queria dizer com: "Ai, que saudade... Ipanema era só felicidade. Era como se o amor doesse em paz...". Seria perda de tempo e encurtar a suposta existência que ainda me restaria.

Friday, February 24, 2012

Não seria?

A expressão "né ?" pode ser traduzida em quatro versões identificando o nível sócio-econômico dos ingleses facilmente. Os que nunca foram ou nem gostariam de ter frequentado uma escola usam em todas as frases o "innit ?". As pessoas que frequentaram escolas e fazem parte do povo pensante falam de uma forma aglutinada "isn't it ?". Os que se acham apenas superiores falam "isn't it ?" articulando todas as letras e, os ricos soletram pausadamente um "is it not ?". As quatro versões inglesas para o "né ?" querem apenas a aprovação de quem está ouvindo o que estaria sendo falado, nada mais do que isso. No Reino Unido denotaria também a classe social do ser falante. Sempre foi assim e sempre será.

Saturday, February 18, 2012

Papo furado

A imprensa noticiou que não existem documentos que comprovem que Charles Chaplin tenha nascido no sul de Londres e que ele, para azar ainda maior, não seria Inglês. E daí ? Que diferença isso fez ou faria? Os cartórios ou tabelionatos ingleses seriam todos completamente isentos de qualquer tipo de manipulação, sério? Quem teve a oportunidade de ouvir Chaplin falando deve ter percebido algum sotaque. Seria um sotaque francês, alemão, espanhol, árabe, de quem viveu duas guerras mundiais e teria uns tios judeus, ou talvez um maligno sotaque comunista? A Imprensa que cresça e apareça. Os que acreditam nela que continuem confiando ou sendo clientes vorazes dos traficantes dos morros do Rio de Janeiro.

Friday, February 17, 2012

Meu tio

Tentando ser politicamente correto e justo comigo mesmo, vejo o planeta Terra habitado por seres sem muita noção de quase nada. Todos somos aparentemente parecidos, uns acham que são burros e outros tem certeza que seriam diferenciados. Uma das várias traduções de alguma filosofada de Nietzsche rezaria: " O antônimo do certo não é o errado, é a certeza".

Sunday, February 12, 2012

Talento desperdiçado

"Na cadeia voadora de volta a Londres" caiu nos meus olhos o documentário sobre a vida de Wilson Simonal. Assisti com um interesse incomum, afinal o que teria acontecido com o cantor de enormes sucessos que morreu como "um negro de cor" comum? Miele o descreveu como o maior cantor brasileiro de todos os tempos, desafiando quem não concordasse, "quem seria então?" Jaguar dizendo que na época pisavam sobre ovos para não serem presos ou mortos, então que o Pasquim deveria ser perdoado pelas piadas e medos. Ingenuidade, falta de cultura e desinformação acabaram com a carreira e vida de uma pessoa. Chico Anizio diz: quem foi delatado por ele, alguém conhece um? Wilson Simonal fez parte dos programas de televisão que eu assistia num sofá, meio que dormindo. J.Silvestre, Flávio Cavalcanti, Clube dos Artistas e Globo de Ouro fizeram parte da minha instrução primeira, então como não ser retardado naquele pais que eu vivia. Não sei a quantas andava a burrice de um pobre que virou rico naqueles verdes anos cor de chumbo.

Saturday, February 11, 2012

Pensando

As palmeiras, sabiás e as aves que não gorjeariam como na minha terra, poderiam enaltecer qualquer lugar que fosse digno da poesia, todos são. Cada terra tem suas palmeiras, sabiás, flores e aves próprias. Bastaria nascermos nela para sentirmos o orgulho que cada pedaço de chão, desse pequeno mundo, pode nos causar.


Monday, February 06, 2012

Plantas da vó

"Um buquê de scheffleras, deverias escrever algo sobre". Disse minha mãe ao me apresentar um punhado de folhas do lindo arbusto. Filho obediente como sempre fui, resolvi tentar. Uma vez nos anos mil oitocentos e poucos fui criança. Estava eu com meus batmans, super-homens, bola e meus carrinhos, nada além disso me interessava. Minha vó tinha um jardineiro que cuidava de todo aquele montão de plantas no casarão da praia que me impediam de brincar com a minha bola sem ficar de castigo, tipo não ganhar o sorvete diário, pipoca, ou qualquer outra coisa. Um dia, o vô chegou de Porto Alegre e uma schefflerona estava no meio da estradinha do carro quebrando o espelho retrovisor ( foi barbeiragem dele, naquela época só tinha o espelho da esquerda) ele não ficou feliz. Foi até a garagem, pegou um machado e foi podar a planta. Minha vó implorava para ele não assassinar o arbusto e eu feliz da vida pensava: isso mesmo vô! passa o facão nessas plantas todas, quero mais é brincar com minha bola e poder andar de roda gigante depois no parque de diversões. As crianças, da minha época, não tinham muita consciência ecológica e os adultos entendiam absolutamente nada de crianças.