Sunday, January 15, 2012

Oportunidade

Entrei num ônibus voador, sentei numa pedra parecida com uma poltrona e esperei. A pedra não reclinava, a janela não abria e o viajante que estava a minha esquerda dormia e dormia, ficando complicado pular a criatura para refrescar meu sentante. O monitorzinho que me cabia trancou, não conseguia nem desligar o infeliz. Quase chegando, senti os primeiros pingos gelados no peito. Depois de outros, descobri que estava chovendo em mim, apenas em mim. O ônibus tinha ar condicionado e estava descarregando as mágoas em alguém, tudo bem. Cheguei na rodoviária 40 graus, fiz a baldeação necessária e peguei um micro até meu destino final. Calor esperado, sol de brigadeiro, céu de brigadiano e eu feliz por dois curtos dias. A falta de chuva por um longo período estava trazendo sérios problemas para as pessoas da região. Eles não sabiam que um casal de nuvens pretas que se amam, haviam se escondido nas minhas sacolas. Chove sem parar já faz três dias. Sol e estrelas consigo ver apenas pela televisão, de novo. Tive a ideia de me oferecer para morar em qualquer deserto, assim o que pareceu ser um enorme azar pode ser transformado numa belíssima oportunidade de ganhar uma grana preta com as minhas nuvens.

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