Monday, January 23, 2012

Dos puxa-puxas e sonhos com mumu

Como parte dos planos de uma vingancinha do inverno Londrino, rumei para a casa da praia. Viria sozinho me deixando completamente livre para que eu inventasse os rituais que bem entendesse. Fui colocar gasolina num posto da minha juventude e peguei a Free Way. A estrada parecia estar boa, mas cheia de motoristas tentando mostrar que seriam bons pilotos ultrapassando carros pelas três pistas, me senti inseguro e com vergonha de fazer parte da grande família gaúcha. Fiquei sempre longe deles, suicídio nunca será a minha onda. Chegando numa bifurcação, resolvi continuar pela estrada velha, queria lembrar da minha infância achando uns barracos que vendiam rapaduras muito duras e enormes roscas de polvilho. Nunca gostei muito dos quitutes, mas elas faziam parte das minhas saudades e resolvi procurar para dar de presente na minha chegada. Não encontrei os barracos e nem as coisas. Lá pelas tantas, procurando Morro Alto para virar à direita, me deparei com um túnel moderno, iluminado e interminável. Percebi que estava completamente perdido na estradinha que conhecia tão bem. A minha ausência modificou tudo e bastante. Meio desnorteado e triste, achei de novo o caminho da minha história. A estradinha de acesso à praia agora está completamente cheia de comércios. Quando passei pelo ex solitário pórtico de Capão da Canoa, avistei uma metrópole e me dei conta do quanto minha juventude tinha ficado antiga. Minha amargura foi diminuída quando encontrei minha irmã, ela disse: "Eu já peguei aquele túnel e me senti uma idiota tendo que andar vários quilômetros desnecessários, nem esquenta. Vamos fazer um churras ou um carreteiro? A caipira vai sair em minutos". A mãe e a minha sobrinha devem ter pensado: Bá, os dois vão começar a rir e conversar para todo o sempre.

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