Friday, October 21, 2011

Meus dois

Fui criado numa época em que diziam quem seriam, ou deveriam ser os inimigos. Mais tarde, descobri que eram quase todas histórias para amedrontar crianças respondonas, ou doutrina-las. Quando tive a oportunidade de ser o pai de dois, resolvi ir numa madeireira e construir, com minhas próprias patinhas, uma estante de parede inteira. Coloquei os livros preferidos mais ao alcance de gente baixinha, e os que não gostava nas alturas, a coisa era meio democrática, pela primeira vez eu era o chefe de alguns, enquanto a minha dona não estava em casa. Quando(sempre) eles me perguntavam alguma coisa cabeluda, eu era completamente honesto nas respostas, e depois apontava para a estante dizendo: Essa é apenas a minha opinião, a tua pode estar em algum daqueles livros, dá uma olhada. Se não achares ali, existem uns lugares cheios de outros que tratam sobre o assunto, posso te levar. Preciso dizer também, que as nossas opiniões vão mudando com o passar de algumas experiências adquiridas, entendeste? Os bichinhos, cada um no seu tempo, nem falavam fluentemente ainda, e eu enchia eles de democracia familiar. Nenhum dos dois lembra da estante mágica ou das minhas respostas sobre as perguntas feitas, já me conformei. O melhor da coisa toda é que eles tem fortes opiniões próprias e me querem ainda bem, mesmo eu sendo um pai que mora no outro lado do final do mundo. Assim reza minha historieta.

2 Comments:

Blogger William said...

Sou personagem (e portanto testemunha) dessa história. Dizem os que pesquisam memória que tudo que já vivenciamos está guardado dentro desse nosso HD interno de dar inveja aos melhores computadores do mundo. Pode crer que, apesar de não lembrarmos, essas experiências realmente mudaram (ou ampliaram) nossa visão do mundo e nossa capacidade de alterar essa visão.

8:43 PM  
Blogger Rogério Nitschke said...

E tem uns que ainda pensam que todas as corujices seriam iguais, mesmos motivos e/ou gratuitas.

2:58 PM  

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