Londrinidades

Para eu entender como as vezes me flagro com pensamentos e reações imaturas, faço uma analogia bem simples: Cheguei em Londres analfabeto, pensando que meu vasto vocabulário pudesse ser entendido, e meus ouvidos fossem equipados com um ótimo tradutor on-line pra entender o que gente que não abre a boca pra falar murmura; consideraria que cheguei com uns 7 anos de idade. Depois, uns aniversários aconteceram e que em cada um, pude ler umas frases aqui, ouvir gírias ali, e só então consegui ler os jornais e entender uns textos de alguns grandes jornalistas nativos. Estaria eu agora com 15 anos de idade, achando que meus pais (o país Brasil) poderiam ter uma vida melhor, me tratar com mais respeito e que o mundo sempre esteve errado, o futuro seria bem melhor com gente jovem no poder, os velhos são uns chatos, sempre foram e sempre serão. ( nessa fase da vida não se considera que o jovem de hoje será o xarope de amanha, well..). Hoje posso ler jornais, nos contudos, tenho vergonha que me vejam lendo. Minha adolescência inglesa é muito parecida com a que tive de verdade. Hoje, olho alguém lendo algum jornal e sinto pena da criatura, como se ela estivesse achando muito interessantes as histórias do Batman, Monica ou as do Recruta Zero. Na minha nova adolescência me sinto perdido como na de verdade. Preciso reencontrar os escritores que me fizeram acreditar nas palavras, e também procurar outros novos.

Meus pais (o Brasil), não estão sendo muito generosos com meus irmãos. A mesada, de um trabalho bastante duro, está muito curta. Uns tios, pra variar, tem roubado minha família e complicado a vida dos meus manos, nada diferente das outras famílias pelo mundo. A diferença é que os tios ladrões das outras famílias, as vezes, sao presos ou até mesmo cometem viuvez. Na família brazuca, depois do roubo descoberto, ficamos todos com pena dos erros, e ajudamos eles a se reencontrarem com a dignidade, ninguém pode ver um tio chafurdando na lama, poderíamos?

Eu estava feliz da vida, descobriram corrupções na "Scotland Yard", grampos em telefones nas casas de uns membrões do parlamento feitos pela "grande imprensa", arrastões criminosos por toda a Londres feitas por ingleses arrogantinhos, um barraco! Não se lê mais nada sobre os assuntos nos jornais, tudo resolvido e dominado, ta ligado? Na semana, o metido a sério jornal Guardian resolveu ressuscitar uma matéria de página sobre drogas e favelas no Rio de Janeiro, eles não tem vergonha e são muito caras de pau. Os velhos são chatos e mal intencionados pra caramba.