Friday, March 09, 2012

Uma rua

Tive um amigo que com 24 anos de idade teve o primeiro filho. Casou com a guria mais linda do bairro e achou que também poderia se livrar das garras prussianas do meu avô. A vó era um pouco mais light, ensinava as secretárias a fazer as massas frescas da maneira italiana. O vô era um cara meio ruim de negócio, sempre me deu chances, mas para os filhos dele nunca. Tratava os guris meio mal, eu dizia: deixa o pai e os tios em paz. Ele: filhinho, fica na tua que pode sobrar pra ti. Eu: qual é a tua vô? Eu era mimado por ele, me emprestava as ferramentas pra eu brincar, porque sabia que voltariam todinhas limpas e no lugar certinho. Depois que fiz 22 anos fiquei muito amigo do filho do meu avô mais importante pra mim. Tínhamos grandes afinidades, fazíamos enormes fofocas e sabíamos que poderíamos confiar um no outro. Hoje ele é apenas o nome de uma rua de Porto Alegre. Eu conheci muito bem quem eu andava com o braço agarrado no pescoço do guri de cabelos brancos em Londres. Ele gostaria de estar vivo, nome de rua seria apenas amenizar o sofrimento de um menino agora muito triste. Ser o nome de uma rua, ele odiaria!

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